Sítios de Consciência:
- Interpretam a história através de Sítios históricos;
- Estão envolvidos em programas públicos que estimulam o diálogo sobre questões sociais preeminentes;
- Promovem valores humanitários e democráticos como uma função primária;
- Promovem oportunidades para a participação pública em questões levantadas no local.
Qualquer memorial, museu, local histórico, iniciativa de memória, ou organização não governamental que se comprometer com esses princípios de funcionamento definidos e se juntar à Coalizão Internacional dos Sítios de Consciência é um Local de Consciência.
Os Sítios de Consciência vão desde os esforços de reestruturação de pequenas comunidades de sobreviventes, aos grandes projetos financiados pelo Estado que visam amplo alcance nacional. Considerando a grande variedade dos locais, programas, recursos, audiências e contextos sociopolíticos em que os Sítios de Consciência atuam, o impacto individual dos Sítios de Consciência varia de acordo com a missão e o público de cada lugar. Uma avaliação, em 2010, baseada em três Sítios de Consciência – África do Sul, Estados Unidos e Bangladesh – revelou que esses Sítios exerciam vários impactos em seus visitantes, como a mudança de opiniões, sensibilização, melhoria nos relacionamentos, incentivo ao engajamento cívico e aumento da compreensão emocional das consequências humanas da atrocidade.
Além do impacto em larga escala, os Sítios de Consciência são extremamente bem-sucedidos em nível local, dando voz a alguns dos grupos mais marginalizados da sociedade e sensibilizando indivíduos para uma série de questões sociais e de direitos humanos. Na Serra Leoa, por exemplo, os jovens participantes de um programa recente de diálogo, no Tribunal Especial de Serra Leoa, foram capazes de relacionar a violência da Guerra Civil, período em que eles cresceram, e a crescente cultura da violência em suas escolas. Ao reconhecer essa conexão, os jovens foram capazes de desenvolver estratégias para lidar com a violência em suas comunidades.
A Coalizão Internacional está comprometida com a avaliação contínua dos nossos programas. Atualmente, estamos realizando um projeto de avaliação de longo prazo para compreender melhor o impacto global dos Sítios de Consciência em uma abordagem mais ampla dos processos sociais, como a reforma dos direitos humanos, a Justiça de Transição e a prevenção da violência.
O desejo de lembrar é universal. Comunidades do mundo inteiro procuram lembrar publicamente de acontecimentos do passado – seja através das comemorações anuais, como o Dia em Memória ao Holocausto, da construção de memoriais como o Memorial dos Veteranos do Vietnã, ou preservando lugares onde eventos significativos ocorreram, como a Praça da Paz Celestial. Tais esforços são frequentemente projetados para evocar uma reação específica ou conjunto de reações, incluindo o reconhecimento público do evento ou das pessoas representadas, reflexão pessoal, luto ou educação cívica.
Ao servir diversos objetivos sociais e políticos, a memoralização tem o potencial de contribuir para uma transformação social positiva, mas também para dividir as sociedades. Enquanto um memorial pode representar um sinal de “nunca mais”, outros podem ser usados como uma ferramenta para promover narrativas históricas revisadas, para marginalizar histórias e experiências pessoais, ou para celebrar a “justiça dos vencedores”. A eficácia da memoralização como uma ferramenta de mudança positiva, portanto, depende dos objetivos do memorial e do processo através do qual ele é criado. A Coalizão Internacional dos Sítios de Consciência oferece orientação às organizações e instituições governamentais para desenvolver memoriais que facilitem a ampla participação cívica na promoção dos direitos humanos, da justiça social e da paz duradoura.
As comissões da verdade, desde o Chile até a Libéria, têm recomendado a memoralização como uma forma de reconhecer as verdades sobre o que aconteceu, de homenagear as vítimas e de fornecer às pessoas espaços e meios para construírem um entendimento compartilhado do passado e uma visão futura de superação. Assim, as iniciativas de memoralização, como o trabalho de arquivamento e documentação do Memoria Abierta (Argentina) e da compilação de histórias orais, testemunhos e arquivos do Liberation War Museum (Bangladesh) (Museu da Guerra de Libertação de Bangladesh), também serviram para promover demandas públicas, estabelecer a verdade e fornecer provas em comissões da verdade e em outros processos judiciais.
Qual o papel da memoralização na construção da democracia?
Milhões de pessoas visitam memoriais diariamente, e muitas usam esses espaços para expressar ou identificar suas conexões pessoais com questões políticas. Esses lugares podem ser um canal seguro para que as pessoas, mediante suas diferenças, se reúnam e façam escolhas cívicas para criar e sustentar a democracia. Nas sociedades que sofreram rupturas recentes, como conflitos ou atrocidades, as iniciativas de memória podem levar as pessoas, com diferentes experiências e perspectivas, a criarem meios de unirem forças na reconstrução do tecido social e se comprometerem com a paz duradoura.